sábado, março 15, 2008

Férias

Nossa, coisa boa é a terrinha da gente. Anda pra todo lado, veste roupinha leve, abraça quem a gente gosta, come comidinha gostosa... Enfim, é tudo de bom, ponto com, ponto BR.
Nosso vôo foi tranqüilo, muita turbulência, algumas dormências nos meus pés, pernas e mãos, mas nada que a imensa vontade de chegar não fizesse tudo ser insignificante.
Com certeza tem algum anjo muito eficiente, pois alem de demorarmos exatamente uma hora pra pegar malas, o Docinho passar na imigração que agora está na “semana da reciprocidade”, trocar de aeroporto, fazer check-in e finalmente chegar no sertão da farinha podre, conseguimos o feito de gastar apenas um dia de viagem!
Em tão pouquinho tempo morando longe já começo a sentir diferença quando chego aqui. Trânsito desorientado, pessoas passando por cima umas das outras, calor.... pode ser tudo do avesso, mas é bom!!!
Graças ao Papai do Céu conseguimos deixar tudo organizado pro casório. “Jiboiamos” a semana toda e só ontem começamos a agir com a vida.
Meu vestido de noiva ta uma piada. O que seria o vestido perfeito tomara-que-caia sensual, já foi substituído pelo que servir. Com apenas dois meses meus seios triplicaram de tamanho e nada entra, pois barriga mesmo nadinha.
Hoje os meninos pegaram o Docinho e disseram que ia fazer uma despedida de solteiro. Durante a semana toda incentivei, mas hoje, vê-lo saindo deu uma pontinha de ciúmes. Acredito que seja normal, afinal estamos juntos o tempo todo.
Amanhã tem o chá de lingerie, a mulherada ta tudo animada, vamos ver o que vira! Só não vai dar pra brincar de vamos experimentar tudo, pois na siliconada do ano só cabe sutiã GG e calcinha que não aperta.
Ai ai, estou muito feliz e agradecida aos céus de poder ter um Docinho Baby, mas que isso não estava dentro dos planos... ah, não estava mesmo!

domingo, março 09, 2008

Enrolando

Já fiz tudo, menos minha mala.

Fiz almoço, as unhas, só ainda não passei esmalte, sequei o cabelo, limpei a casa com a ajuda do Docinho, que sem reclamar (porque normalmente ele faz, mas chora....) recolheu as roupas secas, pois mais para lavar, estendeu, girou o suporte o dia todo pra que a calça dele seque a tempo de colocá-la na mala, passou aspirador, já tirou as coisas perecíveis da geladeira, organizou documentos que precisamos levar. Fez tudo isso, morrendo de preguiça, mas fez.

Enquanto ele passava o aspirador eu fazia as unhas, já havia comentado que só passaria esmalte a noite, ele me fala:
- Quando você terminar faz aquele negócio com aquela coisa pra deixar a casa sem poeira???
Tradução simultânea: limpar o chão com o pano e o rodo.

Ai ai, lá vou eu tentar arrumar minha mala, isso se não aparecer algo pra ser feito durante o trajeto: pc – quarto!

Falta pouco! Em menos de 12 horas estarei a caminho!!!!

Ta bom.... falta quase 12 horas... mas pra quem está esperando desde outubro, falta pouco!

Terrinha, estamos chegando!

Acho que uma coisa que eu sei bem é disfarçar a ansiedade. Graças a Deus amanhã bem cedinho vamos pra terrinha e pra tudo ficar perfeito vamos sair amanhã e chegar amanha também. Da outra vez foram dois dias e duas noites até conseguir chegar lá.
Inventamos de ir de trem até Madrid, (nunca vi a frase "o barato que sai caro" poder ser tão bem aplicada) o que nos fez sair de casa as 18:00 do domingo e só chegar lá as 8:00 da segunda-feira. Nosso vôo era pela Air Europa e só chega ao Rio ou em Salvador. Chegamos ao Rio as 22:00 da segunda e só havia vôos pra São Paulo no dia seguinte. E vôo pra Uberlândia só depois do almoço. Resumindo, saímos de casa às 5 da tarde do domingo e só chegamos ao destino final às 2 horas da tarde de terça feira.
Por mais que todas as vezes que viajo tenho a comum sensação de que esqueci algo. Mas não faço malas com dias de antecedência. Vê-las ali esperando me deixa mais angustiada do que pensar que tenho que fazê-las.
Falta menos de 24 horas pra sair voando daqui, o que me deixa feliz. Ver minha mãe, minhas amigas, sentir calorzinho sem ser culpa do aquecedor, comprar roupa colorida, comer coisa gostosa.... nossa, nem acredito que é amanhã!!
Minha lista de coisas pra comer, comprar e fazer está pronta tem quase 3 semanas já. Não quero chegar aqui e pensar que esqueci de fazer qualquer coisinha que seja!!
Não posso reclamar, longe de mim querer fazer isso, tenho pouco a me queixar daqui, pois estou tentando me adaptar e não esquecer de que as coisas são diferentes em cada lugar. Principalmente porque não faz nem seis meses que fomos lá. Mas é muito gostosa a sensação de pensar que estarei longe daqui.
Das coisas que eu planejei pra fazer hoje, não fiz nada ainda, acho que isso é porque já estou prevendo outra insônia. Essa é minha maneira sutil de demonstrar ansiedade. Minha sorte que o Docinho dorme numa facilidade que eu invejo. Deita e se num falar boa noite rapidinho eu fico falando sozinha.
Se brincar ainda encontro tempo pra escrever mais coisas hoje. Desde que comecei a escrever no blog tenho me sentido mais leve. As coisas que não falo, expresso aqui e depois sinto até alívio. Dei o endereço pra poucas pessoas, mesmo porque quero contar algumas coisas pessoalmente, como a gravidez por exemplo.
Estou muito feliz por ver que tem pessoas encontrando e deixando suas marquinhas. No fundo nunca pensei que alguém fosse se interessar nas minhas desorientações.

sexta-feira, março 07, 2008

Eita povo ruim de serviço

Tem pouco tempo que eu moro aqui no fim do mundo e sei que muita coisa influência nas percepções que a gente tem do outro.
Sempre tentei e ainda tento respeitar as diferenças que existem quando se fala em raça, sexo, religião, no geral, o que diferencia um do outro. No entanto o povo aqui não contribuiu.
Minha primeira impressão foi a de que a maioria é preguiçosa. Não só pelo que eu vejo, mas pelo que o Docinho também comenta. Outra, foi a de que, virtualmente “tem emprego pra todos”, as pessoas não fazem questão de fazer o seu bem feito.
Meu contato inicialmente era com a classe trabalhadora “simples”. Vendedores, atendentes, caixa de supermercado, garçom, enfim, profissões que no Brasil dependem de que o cliente esteja satisfeito para que sua vida continue.
Longe de mim querer dizer que lá todos são os melhores do mundo, pelo contrário, sei que muito estão longe do que podemos considerar bom.
Mas gente, aqui é o dito primeiro mundo, está entre os cinco mais ricos, até mendigo fala francês.
Vendedora não precisa vender, no fim das contas nos mesmos somos quem fazemos toda a “coisa”. Caixa de supermercado também joga as frutinhas que escolhemos de qualquer maneira e garçom... Ah, deixa isso pra lá, pois também acontece em todos os lugares.
Mas o que me deixou revoltada hoje foi a médica. Depois comento como funciona o sistema de saúde. Chegamos lá, ela havia saído de férias. Tinha uma outra, que não sabia de nada, acho que nem o nome dela, pois ela não se deu ao trabalho nem de se apresentar.
Ai fez uma baderna com as anotações que a médica anterior havia feito, e o tempo todo falando “pra dentro”, baixinho, como se estivesse conversando sozinha.
Volta e meia ela me perguntava algo. Não falo francês, mas quando a pessoa tira o caroço da boca eu consigo entender. E a peste não tirava. Falava, falava e de repente olhava pra mim, com aquele olhar desafiador, do tipo: num vai responder não??
Tinha horas que nem o Docinho, francês, expert em compreensão fora dos padrões (depois conto porque também) entendia o que a mulher falava.
Ai que agonia. O consulta demorada.
Das poucas coisas que entendemos o Docinho Baby está bem, disse ela que ele está um pouco pequeno, mas eu acho que tamanho de bebê seja uma coisa relativa, ou seja, que depende do tamanho dos pais.

terça-feira, março 04, 2008

Tem dias que

Coisa ruim é a sensação de solidão. Te horas que ela chega devagarzinho, vem bem sutil e disfarçada de qualquer outra coisa e quando a gente percebe toda a angustia e agonia que sufoca e somente ela que deixou de ser discreta.
Longe de mim querer reclamar de qualquer coisa ou de qualquer um, mas as vezes essa casa fica tão grande pra mim. Docinho vai trabalhar e eu fico aqui. Arrumo, limpo, cozinho, vou à net, fuço os blogs alheios, ligo pra alguém no Brasil, falo com alguém do Brasil pelo MSN, vejo TV, e quando percebo estou olhando pro tempo pensando em algo pra fazer.
Aqui não tenho amigos, devidos a mudança não planejada na programação não consegui ir ao único lugar onde eu depositei minhas esperanças de fazer amizades. As aulas de francês começaram dia 21 de janeiro, e no dia 23, com muito mal estar e enjôos confirmei que isso era culpa de um Docinho Baby que já saracoteava dentro da minha barriga.
Lá onde eu faria o curso pra aprender o idioma local, tem férias para todas as estações. Em fevereiro de inverno e abril de primavera, como vamos ficar o mês de março quase inteiro no Brasil, eu teria que me esforçar muito para ter um bom aproveitamento. Mas o final do mês de janeiro e praticamente o mês de fevereiro inteiro eu mal conseguia parar em pé, inda mais ir em aulas de manhã e a tarde, de segunda até sexta....... eu queria muito, mas o Papai do Céu deixou bem claro que as coisas são na hora que Ele quer. Então que assim seja.
Fomos lá, explicamos e eles entenderam e nos devolveram o dinheiro. E ao passar dos dias eu aqui em casa. Não por falta de vontade, mas por não conseguir mesmo cheguei a ficar mais de uma semana sem sair de casa.
Docinho ficou achando que era frescura minha, mas simplesmente não dava.
Faz pouco tempo que fomos ao Brasil, mas percebo que somando a distância, a mudança no estado civil, o fuso horário e tantas coisas que escapam aos nossos olhos, sinto todos muito distantes, inclusive eu.
Falta pouco, mas essa é a segunda feira mais esperada. Sei que a ponte que aos poucos se cria entre a pessoa que muda de país e os que ficam dificilmente se desfaz, mas só de estar perto já diminui a agonia da solidão.

A volta dos que não foram

Primeiro quero deixar registrado que não penso isso de todos.... só da grande e esmagadora maioria.
Estava eu aqui, em meus não raros momentos de extrema ociosidade e comecei a fazer umas estatísticas e percebi que um monte de irmãos “menores” que nem sempre são os menores, são sinônimo de problema a vista.
O irmão mais novo da minha avó pintou e bordou a vida inteira depois se mudou pro Mato Grosso e trocou de nome.
O da vizinha alterou um cheque dela, e ao invés de tirar 80 reais do banco tirou 8 mil.... ela teve que vender o carro pra cobrir a conta.
A irmã de um coleguinha de infância meu, crente, com a família fervorosa, engravidou aos 14 anos e o irmão quase teve um enfarto. E olha que o coleguinha irmão só tinha 16 anos.
Uma outra irmã mais nova engravidou pela segunda vez do namorado que igual ela não trabalhava, quase bateu na irmã quando ela justificava pra alguém que a gravidez foi acidente.
O irmão mais novo da minha mãe bebia e aprontava tanto que a mínima dele foi ficar noivo de uma moça de uns 18 anos, sendo que ele já era casado e ainda estava casado.
A irmã de uma amiga minha enche a cara de maconha e cachaça e vai na casa da mãe pagar de gatinha e querer extorquir a irmã.
A minha irmã..... a deixa isso pra lá..... pra que falar de mais gente problemática???

segunda-feira, março 03, 2008

Mais uma vez

Ta certo que eu não moro aqui há tanto tempo assim. Não sou do tipo que investiga cada “padaria” existente onde mora. Não saio interrogando todos que conheço pra saber se o tal pãozinho “francês”, que de francês não tem nada. Pode até ser que exista algo parecido. Mas Miga, não tem!
Num tem num é porque eu não quero, e sim porque o pão aqui é diferente. Por uma questão de lógica e direito civil adquirido, todo pão aqui é francês. Mas não tem pão francês na França. É nosso, produto nacional. Made in Brazil!!!!!
Eu sei que tem coisas difíceis de acreditar. Te entendo, pois se alguém me contasse isso eu também ficaria decepcionada...... Mas nem tudo é do jeito que queremos!!!

sábado, março 01, 2008

Um ano antes

Era exatamente 1° de março. O dia começou bem cedo, malas já arrumadas desde o dia anterior, um frio na barriga, mas uma sensação boa. Era a primeira vez que eu ia “andar” de avião. Minha mãe foi comigo, e ficou até minha partida.
Eu sai de Uberlândia as 8:00 da manhã e só chegaria onde precisava às 16:00, isso porque da minha “pratica” cidade só tem vôos para São Paulo, para somente então poder chegar em algum outro lugar. Mas tudo bem, isso não é uma reclamação, podia ser pior.
Depois de horas em espera, algumas devido à escala mesmo e outras devido aos já conhecidos atrasos, chego ao meu destino final: Salvador. Acho que só fui “cair na real” quando peguei as malas e fui procurar à saída em busca de um táxi. Ao ligar o celular já tinha mensagens, recados e a Amiga Preocupada ligando.
Depois de uma hora cheguei ao hotel, e lá estava ele. Exatamente do jeitinho que eu imaginava; na verdade um pouco mais vermelho. Mas nada diferente do que eu pensei.
Registrei-me no hotel, fui para o quarto. Ele louco pra conversar, eu só pensando o quanto queria tomar um banho. Não entendia nada que aquele estrangeiro dizia, o português dele realmente era mais bem escrito do que falado. Ao final de cada frase tinha sempre um “voilá”.
Depois disso, fui tomar banho, entrei no banheiro e tranquei a porta. Ao sair ele me olha e pergunta: trancou a porta porque tem medo? Minha resposta: Não, eu sempre tranco a lá de casa.
Como eu sentia medo, de ele pular em cima de mim, de achar que eu era uma garota de programa louca, que atravessava o país pra ir atrás de homem, ou qualquer outra coisa bizarra do tipo.
Graças a Deus, ao meu anjo da guarda tudo foi perfeito. Dois dias antes da volta troquei minha passagem por mais dois dias, estava tudo tão lindo, tão conto de fadas que meu medo não era nem de nunca mais o ver, mas sim de que não pudesse aproveitar cada minutinho com o homem que eu descobri ser diferente de todos os outros que haviam passado pela minha vida.
Hoje, faz exatamente um ano que nos conhecemos pessoalmente, estou aqui. Longe da terrinha, longe de todos, mas com alguém que eu amo muito e tenho certeza que me ama também.