Uma coisa que eu tenho prestado bastante atenção desde que cheguei aqui é a dificuldade em ser feliz. Logico que não são todos, nem de longe quero generalizar.
Alguns exemplos: eu como pessoa tipicamente mineira não preciso de outro queijo que não seja o queijo minas pra ser feliz. Conheço outros, como outros, gosto de outros, mas se existisse so o minas seria suficiente pra mim.
Chegando aqui descubro um milhão e trezentos mil tipos de queijo - tà, não é isso tudo, mas tem uns 400 tipos diferentes.
Chata, teimosa e resistente evito ao màximo qualquer tipo de aproximação. Cheguei a experimentar uns, mas desisti no começo (era tudo ruim). Eis que um dia a Ana me indica uns e acabei me apaixonando por um que eles chamam queijo natural. Parece uma ricota, so que é gostoso.
Os franceses na hora de se alimentar seguem a seguinte ordem: entrada, prato principal, pão com queijo e sò então a sobremesa.
Até pouco tempo se eu comia a entrada podia esquecer o principal... se abria mão da entrada e ficava com o prato nem pensava na sobremesa, e muito menos me passava pela cabeça comer pão depois de uma refeição.
O tempo passou, fui ficando sem vergonha habituada com a coisa e ja consigo comer entrada, prato e to quase chegando na sobremesa.
Normalmente eu como o pão com queijo de manhã ou de tarde, ou sei la, mas nunca depois de almoçar ou jantar. Isso que pro marido e qualquer outro francês é considerado uma heresia. Fica rindo e fazendo piada de mim o tempo todo. Que eu não sei comer, que eu estrago o verdadeiro sabor da coisa, enfim fica me zuando (ainda se usa essa giria?? nossa, me senti a ultrapassada agora.. alguém me atualiza pleeeeeeeease).
Mas pra ficar bom outro dia desses pulei a entrada e depois de comer me acabei num pedaço de pão com nutella - muuuuuuuuuito mais lògico (pelo menos pra mim), comer doce depois da comida do que sal. Num preciso contar que o que que virou né.
Outro caso (vou contar so mais esse pra num esticar o assunto). Eu num entendo nadica de vinho, so sei beber e sentir se agrada ou não meu paladar. Eu acho o màximo que entende e sabe fazer as escolhas, mas por enquanto meu cérebro ainda não processou essas chiquesas de o vinho X acompanhar o alimento Y, eu sei o bàsico, o que não significa que eu aplique, mesmo porque amamentando a exceção alcoolica foi no ano novo e sò.
No reveillon a entrada foi o famoso fuà grà, que é servido com um vinho de-li-ci-o-so e o prato foi chapon (um frango que é castrado pra ficar grande), que o vinho jà num me agrada muito.
Pedi mais do outro vinho e resultado: a mulher riu de mim (seria isso um sinal de que na rodada do ano aconteceria mais vezes?) e falou: mas com chapon se bebe esse vinho. Eu fiquei olhando pra ela, que continuou: eu prefiro o outro, também não gosto desse, mas sabe como é né.
Oi, como assim??? Estavamos em casa, mas exatamente na casa dela. Se fosse num restaurante, ou com pessoas desconhecidas ou sei là. Ela tem requinte e com certeza paladar suficiente pra saborear isso, mas eu..... so quero ser feliz.
Se eu prefiro pão com queijo de manhã e com chocolate de sobremesa, se quero beber mais do vinho gostoso ao invés do que mandam o figurino ou qualquer outra breguiçe o povo ri.
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