quarta-feira, agosto 08, 2012

Diferenças


Desde o inicio do blog, eu sempre tive vontade de fazer post a respeito das (tantas) diferenças entre o Brasil e a França. Porém cada vez que eu ameaçava escrever sobre, vinha um e lascava a pérola: “brasileiro é tudo igual, num se conforma com nada nunca”, “se ta ruim volta pro seu país” e tantas outras, que xàpràlà.

Mas, tem dias que a lingua coça, os dedos formigam... Então la vou eu.

Enquanto estava no Brasil, uma coisa que percebi que estamos longe de conseguir é ser profissionais. Não quero entrar no porque da coisa, só comentar o que aconteceu.

Fui numa loja dos chinelos conhecidos no mundo todo, comprei chinelos pra mim, pro marido, pra Julia, pros amigos, enfim, uns trocentos pares. Dois dias depois uma amiga deu um par de presente pro marido, igual a um que ele tinha, detalhe, comprado na mesma loja.

Como já não precisaria de chinelo para o próximo século, tinha a nota fiscal, não havia sido usado, pensei: devolvo e pronto.

Ah minha gente, que bobagem.

Para começar devolver mercadoria simplesmente não existe no Brasil né? Pior que isso, é a maneira que fui tratada por ao menos pensar na possibilidade de querer tal coisa. E ainda (se é que é possível) mais triste, a linguagem, a maneira da vendedora se expressar “nunca na vida que fazemos devolução de mercadoria”, “minha gerente vai cag@r na minha cara se  chegar aqui e ver que eu fiz isso”, e por ai foi, tão de mal a pior que  antes mesmo de pensar 'cadê o Procon'  fiquei com tanta raiva que só queria sair correndo da loja e jogar o chinelo fora.

E eu percebo que a coisa vai degringolando, essa semana precisei ligar pro atendimento da antiga universidade onde eu estudava (renomada, cara, com processo de selação para contratação dos funcionarios) e quase morri de catapora.  “Pera ai um minutinho”, “eu vou estar te transferindo”, “tchau tchau” (quase uma Xuxa né?) 

16 comentários:

  1. Tem de tudo, né, Laura? Mas não dá pra generalizar. Engraçado é que quando somos (bem) atendidos, como deve ser, costumamos estranhar...
    Não sei se tenho sorte, ou se em BH somos mais delicados, o que sei é que ser mal atendida não é comum para mim. Quanto a não trocar mercadoria, não existe isso, né? Devia ter chamado até a polícia, todo consumidor tem direito de troca de mercadoria, óbvio! Normalmente, e isso é bem avisado, não trocam peças íntimas, tipo calcinhas, cuecas, sutiãs e que tais. Mas sandálias?!
    Sinto por você, esse mau atendimento. Dá um desânimo, né? E tem que contar, sim, tem que elogiar o bom daí, o bom daqui, o que não gosta aí, o que não gosta aqui...É sua vida, sua opinião.
    Beijo!

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    1. Lucia, eu tento ser o mais agradavel e educada possivel pois ja fui vendedora e sei o que é. Enquanto morava no Brasil eu era briguenta de carteirinha, tinha o numero do procon no celular, e ligava mesmo, não deixava passar. Mas sabe, estavamos de ferias, apesar de não ser desculpa pra engolir sapo, achei mais facil largar de lado.

      Aqui no blog é so eu querer dizer o que quero, que vem um me jogar agua fria.

      Beijos

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  2. Nossa Laura, que desagradável! Vergonha alheia dessa vendedora!!!!!! Você deveria ter reclamado no SAC da empresa, no Procon, sei lá, essa pessoa não pode continuar atendendo!
    O problema é que pagam tão pouco, que acabam pegando pessoas desqualificadas, que não tem o menor tato pra lidar com o consumidor!
    Um grande beijo!

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    1. Ana Carolina, eu entendo que um atendimento (bom ou ruim) é o resultado de muita coisa, experiencia, treinamento, estudo, salario, ambiente no lugar de trabalho, e poderia citar outras tantas coisas que compõem isso, mas acho que até o momento onde eu não agrida ninguém, não sou obrigada a ouvir palavras de baixo calão.

      Não levei a coisa pra frente, mas o que aconteceu me deixou triste.

      Obrigada pelo recadinho
      Beijos

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  3. Laura, quando eu estou na Itàlia eu defendo o Brasil com unhas e dentes. Entao resolvi passar uma temporada no Brasil e logo observei a falta de profissionalismo de nossos profissionais.
    O pior de tudo è que percebi como a lingua portuguesa é tao mal falada. Exemplo do que me faz "pirar": quase nao se pronuncia mais o "d" nos gerundios, tipo, 'estou corren(d)o', e falam tao rapido que nem percebem, apenas meus ouvidos. A falta de uma linguagem correta, como o caso da vendedora, tbem dà urticaria.
    Por outro lado, aqui tbem nao se pode sentar num bar e pedir apenas uma agua, ou cafè, e deixar passar o tempo. Diferente da Italia aonde vc paga para sentar, valores diferenciados, e pode ficar o quanto quiser.
    Depois de 4 anos fora, aprendi a gostar das diferença e achar o maximo saber tirar de letra estas questoes. Com exceçao dos erros gramaticais...rs

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    1. Claudia, tudo fica tão diferente quando ficamos um tempo aqui e vamos para la, ou o contrario ne??
      Eu passo tanto tempo falando so com as pessoas da familia, que quando estou no Brasil ou preciso ligar para alguma empresa fico tão desconfortavel, pois realmente perdi o costume. Aqui também podemos sentar e beber uma agua ou café sem pressa!

      Beijos

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  4. O comentário sobre as pessoas falerem errado acimo é totalmente desnecessário, prova de alguém que não conhece linguística, nem nunca estudou filologia ou história. A língua é uma entidade viva, ela muda constantemente e começa pela fala, para depois ser absorvida pela escrita. Vai ler o português de 1400, vai ler o francês de 1400... isso ocorre em todas as línguas, só não ocorre com as consideradas "mortas", como o latim e o grego clássico. Francês não pronuncia o "s" no fim das palavras, mas já o fez, e esse "erro" não é visto como feio. Por que não pronunciar uma letra em português é visto como feio, errado? Daqui a pouco todos falaremos assim, escreveremos assim, a língua muda todos os dias, sem nos darmos conta.

    Sobre o comentário do post: já fui mal atendida no Brasil, na França, na Espanha...olha, falta de profissionalismo tem em tudo que é lugar. Meu marido, francês, demorou UM ANO para conseguir um documento da universidade francesa dele porque todo dia a mulher dava uma desculpa, quando não desligava na cara dele... a mãe dele teve que ir até lá, sair da cidade dela, para poder conseguir. Já tive telefone desligado na cara na Polônia, nos EUA... fora as grosserias que tive que ouvir numa loja na Espanha.

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    1. Oi Helena, concordo com o que você quis dizer a respeito da lingua, mas achei um pouco forte a maneira como você colocou.

      E' muito triste, mas mal atendimento deve ser um virus que afeta as pessoas mundo afora, tipo uma gripe sabe. Preciso aprender a me lembrar mais de quando fui bem atendida do que o contrario.

      Abraços

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  5. Francesa que viveu no Brasil:
    http://www.lepetitjournal.com/communaute-saopaulo/118134--temoignage-le-grand-retour-apres-deux-ans-dexpat.html

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    1. Oi Luana, é sempre legal saber o que os outros pensam do nosso pais!
      Obrigada pela dica.

      Abraços

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  6. Oi, Laura, há quanto tempo!
    Me atualizando e lendo o que escreveu e os comentários, só posso dizer que percebo hoje em dia, principalmente aqui em nosso país, muita gente despreparada para o atendimento com o público.
    E o público brasileiro mudou, aprendeu que pode e deve reclamar seus direitos, mesmo porque uma das coisas boas aqui criado foi o Procon, nem sei se existe em outros países, mas pra gente funciona e foi uma mão na roda.
    Hoje mesmo troquei uma peça de roupa e na maior tranquilidade, porém devo lembrar que estava aqui na minha cidade, pequena e ainda muito civilizada, Petrópolis. Não tenho a mínima reclamação quanto ao atendimento por aqui, pelo contrário, as pessoas são amáveis e solícitas, talvez por ser uma cidade pequena, mas em Niterói, onde resido durante a semana, cruz credo! Muita gente mal educada trabalhando no comércio, algumas nem te olham quando entra em alguma loja. Mas, este fato tem sido comum até mesmo aí fora, né mesmo?
    um grande abraço, carioca

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    1. Oi Beth, que saudade!!!! Pois é, tem muita gente mal educada, sem noção de tudo. Aqui como nunca tivemos problemas pra trocar nem devolver nada, nem sei se existe algum organismo como o Procon.

      Lembro que comprei um secador daqueles estilo lissima, abri a caixa, usei, nao gostei e no dia seguinte devolvi sem problema nenhum. Ela so abriu pra ver se nao estava sujo e se todas as peças estavam la, e pronto.

      Ainda bem que felizmente encontramos gente simpatica e profissional!

      Beijoss

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  7. Voce me fez rir com tudo isso! O seu blog ta bem divertido! Um abraço!

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  8. Infelizmente no Brasil as instituições só são obrigadas a devolver o $$ de uma mercadoria caso esta esteja c/ defeito, até a troca de produtos sem defeitos não é obrigatória!as lojas o fazem por cortesia. Absurdo? Eu acho que sim! mas é a lei no nosso Brasil né.

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    1. Girassol, eu sempre achei isso um absurdo, mesmo qdo morava ai e nem sabia que em outros lugares isso é possivel.

      Obrigada pelo comentario
      Abraços

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