quinta-feira, maio 08, 2008

Povo ruim de serviço - parte II

Pelos variados motivos e tantos acontecimentos, ainda não deu pra aprender francês, e por enquanto não vai dar. No começo da gravidez isso me deixou bastante incomodada e desconfortável, mas já acostumei com a idéia.
Decidi que quando for fluente eu vou ser médica. Isso mesmo, Direito pra que minha gente.
Vou ser médica e vai ser obstetra. Eu já troquei de obstetra por três vezes, e sinceramente estou bolando uma maneira de trocar outra vez.
Não sei se vai resolver muito, mas se meu plano der certo, pelo menos vejo uma quarta opinião. Ai se alguém resolveu ler o post, deve estar se perguntando: ficou doida tadinha???
Pois é, doida não, revoltada é a definição perfeita pro meu sentimento. Gente, a coisa aqui é muito simples.
A primeira médica, no começo eu achei com cara de lesada, aquela mistura de cara + cabelo do tipo acordei e não fiz nada além de ir pro trabalho direto, sem antes passar pelo espelho, nunca me inspirou confiança. Eu falava, falava pro Marido que algo estava errado e ele, achando que fosse implicância minha, deixou a coisa fluir. Várias coisas aconteceram, vou resumir muito senão vai parecer exagero.
Comecei achando estranho ela em momento algum questionar minha alimentação, nada de querer saber se eu bebo ou fumo, enfim, uma lista de exames e “au revoir” até a próxima. Depois perguntei a ela sobre hidratantes específicos para evitar estrias, ela respondeu que não precisava, pois eram caros. Depois perguntei sobre a pele dos meus seios que estava estranha ela só respondeu que era normal. [Respondeu sem perguntar nem olhar nada]. E numa outra ida lá, pois não chamo aquilo de pré-natal, pra fechar com chave de ouro, falei que sentia dores na barriga, ela também respondeu que era normal já que eu estava grávida. [Mas também não perguntou a intensidade, freqüência, local das dores].
Ai tivemos consulta com outra, que também não fez muito, além de um monte de ultra-sons. Falava sozinha a maior parte do tempo e tinhas uns tiques nervosos.
Vimos que existia coisa pior e resolvemos voltar pra primeira.
Pausa para explicar como a coisa funciona por aqui:
Quando a mulher descobre que esta grávida, ela escolhe um hospital, e agenda seu parto. O hospital apenas recebe a parturiente se ela fez reserva.
O único detalhe é que ninguém contou isso pra nos. Eu com três meses de pancinha em desenvolvimento e o Marido futuro pai de primeiríssima viagem, não faziamos a menor idéia. Uma amiga dele quem perguntou e explicou
.
Voltando a tragédia:
Perguntamos a obstetra como ia ser, ai ela contou, que deveríamos escolher um hospital, mas que ela não faz mas partos, ali pelo 7° ou 8° mês troca de médico.
Pergunta que até hoje eu faço: Então do que adianta ser obstetra se num corre nenhum risco de fazer o parto?????
Aqui tem apenas três hospitais com maternidade.
Um deles, considerado o melhor fica a exatamente 10 minutos de casa em dias de grandes engarrafamentos. Vamos eu e o Marido ao hospital, onde a noticia não foi novidade: lotado.
A segunda opção: lá do outro lado da cidade, 45 minutos de casa num domingo às 8 da noite, ou seja, em dias normais o mínimo é dobrar esse tempo.
Ta bom, fazer o que, o outro é o tal hospital escola e num estou nada a fim de ser cobaia de nenhuma turma de estudantes de medicina aqui do outro lado do mundo.
Que ódio, custava essa vaca dessa obstetra explicar isso? Mas eu dizia.... uma pessoa que sai de casa com aquele cabelo num é confiável.
Ai pra finalizar foi consultar com a obstetra do tal hospital do outro lado da cidade. Não vou falar quanto tempo demoramos pra chegar lá, senão eu já até imagino o pensamento “como exagera essa moça”.
Conversa vai, conversa vem, perguntou umas três ou quatro coisas a mais que as outras, mas nada que se diga: “oh, como ela consulta bem”. A pérola foi: ela perguntando se o bebê mexe muito? Respondo perguntando: não sei como é quando eles se mexem??
Agora o leitor respira, respira outra vez, e por via das duvidas mais um pouco.
Resposta: você sente um movimento.
Eu simplesmente fiz uma cara de arvore e dei um sorriso. E desde então estamos aqui, eu, marido e o bebedocinho esperando chegar o dia para acompanhar os próximos capítulos.
Mas uma coisa eu garanto, assim que for fluente vou ser obstetra de consulta, pois é tudo muito simples.

8 comentários:

  1. Ai menina!
    Que dificil estar grávida em outro país! Eu também vivi isso, a cultura é tao, tao, tao diferente que a gente fica sem saber se o médico é ruim, se é mesmo sempre assim...
    E a resposta, que eu só tive bem no fim da gravidez é sim, dá para ser diferente!
    Em vez de ser seguida por um médico, tem que procurar uma "sage-femme" de preferencia que faça seguimento de parto.
    Petit problème: isso tem que ser encontrado quase antes da gravidez! de tanto trabalho que elas tem.
    De todos os modos, você tem direito a uma consulta com uma sage-femme no 5o mes de gravidez. Nao deixe de aproveitar a oportunidade escolhendo bem a pessoa. Se voce quiser eu te ajudo por internet, posso perguntar nos forums da internet de que eu participei na época.
    Imagino também a dificuldade de nao falar francês... eu já falava um pouco quando cheguei e era horrível ser tratada que nem retardada: porque estrangeiro quando fala mal uma língua parece mesmo bobo (pensa naqueles americanos que falam português dizendo um mesa, uma caderno...)
    Eu troquei de hospital e médico na última hora, em vez de ter nenê no hospital de Châlons fui ao hospital de Epernay, que era bem menor. Apesar da cesárea, fiquei muito satisfeita.
    Quanto ao hospital escola: os estudantes muitas vezes sao mais atenciosos, tem uma vontade louca de fazer bem o trabalho, o que nao é sempre o caso daquela pessoa que faz a mesma coisa faz 25 anos.
    E para terminar, uma nota de otimismo: minha irma teve nene no Braisil excelente hospital em Campinas, tudo privado: depois da cesárea levaram o bb dela e ela ficou sozinha, sem marido nem nada 2 horas numa sala de recuperaçao morrendo de angústia.
    Aqui trouxeram meu bb logo que acabaram a "costura", meu marido ficou conosco na sala de recuperaçao e foi muito bonito.
    Existem sites web que falam de bebes, com forums de mamaes etc e tal
    esse é o meu preferido, e voce pode dar uma olhada para ir conhecendo o vocabulario em francês.
    http://larbreabebes.free.fr/
    Para terminar:
    Se você quer amamentar, TEM que ir, mesmo sem falar francês, só para ir se familiarizando às reunioes da "La Leche League". Porque as visoes sobre os bebes aqui sao bem diferentes do Brasil e foi lendo a documentaçao deles que eu consegui manter a minha linha muito mais carinhosa e brasileira.
    (que comentario enorme!) mas como meu pequeno está com 2 aninhos,(e eu estou sonhando com outro). Entao vou te dizendo tudo o que fui descobrindo.

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  2. Oi Mariana, eu até que entendo bem o que eles falam sabe, so que tenho muita insegurança ao falar, pq sei que minha pronuncia ainda é bem estrangeira.
    A ultima medica tinha comentado algo da sage-femme, mas lembro que foi qq coisa bem superficial. Vamos procurar saber mais!

    Eu quero a coisa o mais carinhosa possivel, parto normal, amamentaçao de no minimo 6 meses, ter o bebe pertinho de apos o parto. O que me deixa triste é a maneira deles de achar que temos obrigaçao de saber de tudo, o que pra nos por enquanto é impossivel, pois é a primeira vez.
    Obrigada pela atençao, suas dicas serao muito uteis!!
    Bjosss

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  3. Cruz credo e tem gente que ainda reclama aqui do Brasil, eu sempre achei que reclamamos de barriga cheia.
    Bem, vc tá reclamando de barriga cheia mesmo ( o bebe) hehehehehe
    Mas falando sério é um absurdo que coisas assim aconteçam em lugares de primeiro mundo.
    Te desejo sorte na gravidez, pq desejar para achar um bom medico pelo visto vai ser dificil rs
    bjs

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  4. Oi amiga!

    Que dificil hein? Pois é mas é que junta tudo né, tudo transformando, e a gente pensa que ninguem quer saber direito da gente. Agoara fala sério, que profissional é esse, nem aqui num é assim...rs...num deixa o Fred ler isso, mas de uqe adianta ser país de primeiro mundo, se a gente dá de 10 a 0 neles...

    Seguinte; vc sabe que se fosse eu tinha feito aquele barraco em portugues mesmo, porque onde já se viu isso? Ou e me responde porque essas coisas perseguem a sgente...será que o estresse chama isso pra gente...

    Olha num fica brava não, lembra do nenê, já basta a gente estressada né?

    E com certeza essa foi pra mim...

    Bjos,

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  5. Ah, Laura... se você entende já tá pronta para "se lançar" a falar! O sotaque deles é tao engraçado quando falam outras linguas que a gente pode falar francês com sotaque sem ter medo de parecer ridícula... Eu sempre achei uma gracinha o jeito que eles tem de perguntar de onde a gente vem: "vous avez un petit accent"... sei, sei, um sotaquinho... o meu é sotacao!

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  6. Flavia Eu nunca fui muito de reclamar nao, mas a gente semrpe te ma sensaçao de queem paises ricos a coisa é melhor..... to vendo que num é nao viu!!

    EricaAi amiga, eu ja to do tipo: deixa a vida me levar, tiro minhas duvidas na net, e peço a Deus pra me dar bastante saude e animo, pra nao depender do "profissionalismo" deles aqui!

    Mariana Meu marido simplesmente ama falar portugues, falava portugues de Portugal, com um monte de erros, e desde o inicio eu fui ensinando novas palavras e a maneira correta de empregar varias expressoes que ele usava de forma errada, o problema é que ele não tem a menor didatica, nem a menor paciencia pra fazer o mesmo comigo.... ai prefiro ficar na minha, pq qdo ele resolve " me ensinar" sempre acaba em briga. Mas em situaçoes como essas, eu acabo estressando e falo umas do tipo: "que estranho, no Brasil é tão diferenté"

    Obrigada pelo carinho meninas!!!!

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  7. Brasileiro é mesmo um povo de outro planeta. Quando eles saem do Brasil começam a reclamar de tudo e todos, nada está bom para eles, e a desculpa é sempre a mesma, Ah, isto não devia acontecer num país de 1º mundo! Reclamam que os europeus são fechados, são mal-educados, tem um sotaque feio, são isto e aquilo e etc. É impressionante pois parece que os brasileiros não vivem a realidade, acho que para essas pessoas o Brasil deve ser uma terra mágica da alegria onde todas as pessoas são simpáticas, estão sempre felizes, dançam, cantam e festejam. E Então quando eles vem para a Europa falam mal de tudo e de todos!!! Até faz impressão!!! Os brasileiros não conseguem simplesmente entender que não estão mais no Brasil e que em TODOS os países do mundo há defeitos e qualidades. Até parece que eles vivem mesmo em outro planeta. É o que eus empre digo, se ãs coisas aqui não estão boas, volta para a tua terra, de certeza que lá tudo é perfeito...
    passar bem,
    Ricardo Carvalho

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  8. Mana, pelamordedeus, me dá o contato dessa m.c. Abraca essa menina com todas as forcas e faz tudo que ela mandar pq a pequena sabe de TUDO.

    Procura a Sage-femme, vá na La Leche e antes que me esqueca: NAO; VC NAO É MALUCA POR PROCURAR ALGO MELHOR: existe sim...a gente precisa é achar

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